Nos últimos anos o tema Saúde Mental tem tido cada vez maior destaque nos meios de comunicação. E, também, tem aparecido em pesquisas recentes ... e, em nossos processos de coaching e workshops de Liderança.
O que os dados atuais demonstram?
O Valor Econômico de 22/01/24, no artigo "Afastamentos por transtornos de saúde mental sobem 38%" de Adriana Fonseca, traz uma pesquisa realizada com 8.980 trabalhadores de diferentes níveis hierárquicos no país que mostra que, 48% têm risco de saúde mental, 44% sofrem de insônia, 60% são sedentários e 60% têm sobrepeso e obesidade.
Dados do Ministério da Previdência mostram que, em 2023, foram concedidos 288.865 benefícios por incapacidade devido a transtornos mentais e comportamentais no Brasil, 38% a mais do que 2022.
Qual o impacto da saúde mental no ambiente profissional?
Uma das principais preocupações contemporâneas em saúde mental é a síndrome de burnout, que influencia diretamente a relação entre saúde mental e o contexto profissional.
Quando analisamos o cenário vemos de um lado as empresas pressionadas por resultados, buscando inovação, ganho de mercado, diferenciação no mercado e o eterno fechamento de contas; exigindo cada vez maior dedicação dos colaboradores que têm a sensação de falta de controle sobre o trabalho, ambiente pouco saudáveis emocionalmente e a sensação de expectativas irreais. Isso inclui as lideranças que emendam reunião atrás de reunião, turnos de trabalho de mais de 14h por dia e a sensação de estar disponível 24h para a empresa.
Os líderes se veem adoecendo, preocupados com eles mesmos e seus colaboradores.
Por outro lado, são assoberbados por coaches, consultores, livros, artigos, cursos, cobrando o cuidado consigo mesmo e com os colaboradores.
O mantra é um só: cuidar do corpo, da mente, do espírito e das emoções.
Aprofundando o tema, a pergunta que se coloca é: como lidar com isso tudo?
A nossas experiências ao longo destes últimos três anos têm demonstrado alguns caminhos:
· Cultura das organizações: Num artigo publicado em 24/01/24 no LinkedIn, Pedro Veríssimo Fernandes, Co- Founder do Papum Ed. Tech traz uma reflexão sobre cultura. “Os atos quase sempre ganham. É assim que a cultura funciona”.
Segundo ele, falar de cultura é falar sobre como as pessoas agem não só no dia a dia, mas em situações de estresse, em momentos decisivos ou quando ninguém está olhando. Vai além de um conjunto de frases e textos, cultura é o que é, não o que gostaríamos que fosse. Este é um ponto fundamental. Temos percebido uma grande distância entre o que é dito (reuniões, workshops, difusão da cultura, ...) e as práticas, gerando uma dissonância cognitiva nas pessoas.
· Outro ponto importante é como as Organizações estão enfrentando o tema saúde mental. Segundo estudo realizado pela Universidade de Oxford (fonte The Guardian -IISP Instituto Internacional em Segurança Psicológica.) o investimento de tempo e dinheiro em mindfulness, cuidado com a alimentação, aulas de ioga, palestras sobre qualidade de sono, espaços recreativos, acesso a psicólogos não impactam significativamente no bem-estar ou na satisfação do trabalho. Para melhorar o bem-estar dos funcionários é preciso concentrar os recursos em aspectos estruturais do trabalho como reduzir burocracia, duração das reuniões, flexibilizar horários, preparar gestores e promover a segurança psicológica nas equipes.
Acrescentamos a questão da comunicação. Hoje as pessoas são assoberbadas por vários canais da empresa que as acionam ao mesmo tempo, gerando sensação de impotência.
· E por fim o desenvolvimento das lideranças. Nós da LLUM acreditamos fortemente que um líder só pode gerenciar o outro quando aprende a gerenciar a si próprio.
Para poder estabelecer relações de confiança, gerar conexão com outro, expor sua vulnerabilidade, ter conversas desafiadoras e por vezes, desconfortáveis o líder precisa ter um profundo conhecimento de si mesmo: quais são suas crenças, seus valores, como lida com suas emoções e as emoções do outro, como lida com situações difíceis entre outros aspectos.
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